Tem dias que a tristeza fica suportável.
Tem dias que ela me chicoteia, me arranha e me xinga.
Eu adoro os dias que nem percebo sua presença. Parece que eu não existo, que sou o vento, um passáro, uma pessoa livre. E não existe outro sentindo como esse, e eu pego fogo. Pequenas faíscas de felicidade surgem quando sorrio. Sorrio sozinha, mas não há nada melhor do que essa sensação. Esse gosto de vida, essa felicidade sem motivo. Felicidade porque não há tristeza.
E todos da cidade me perguntam o por quê de toda essa alegria. Alguns dizem que é por causa de sexo, outros de dinheiro e tem até uns que pensam que vi um Deus. Essa felicidade é tão rara e tão minha que eu não falo pra nenhum deles, digo que consegui dormir mais cedo, sujei pouca louça no dia, arrumei um namoradinho. De jeito nenhum lhes conto minha forma de alegria, até porque não existe forma.
Minhas alegrias e tristezas vem e vão embora sozinhas.