sexta-feira, 11 de maio de 2012

Deixe-me ser um pássaro, deixe-me ser livre

E aqui estou eu
de novo
que absurdo
tão sozinha e pequena neste mundo.
Tão sem vida.
Que porra faço de minha vida?
Eu faço porra
oras.
Quanto tempo livre
uma pessoa tem
antes que a cabeça adoeça de vez?
Quanto tempo livre
eu tenho para ser livre?
Então me deixa
me deixa ser um pássaro.
Diga-me que sou um pássaro então.
Deixe-me voar quando as coisas por aqui ficarem ruins.
Deixe-me deixar de ser mais um porra nessa porra de vida.
Me adoeça. Me cura. Me desaba. Me segura. Me grita. Me arranque a blusa. Me abusa. Me diga. Me deixa. Me volta. Me mata. Deixe-me ser um pássaro. Deixe-me ser livre.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Eu vejo pessoas. Pessoa.
Pessoas são como uma pessoa.
Todos iguais, obedecem iguais, entendem iguais e fazem iguais.
Cópia um dos outros.
Se você não sabe receber ordem, você não vive, disse-me minha mãe.
Então me diga
pra quê viver.
Eu cago pra toda essa merda, pra toda essas regras.
Eu posso mijar na cabeça desses merdas.
Claro que eu posso
eu sou a única que entende
É claro que eu posso.
Me dão dor de estômago todo sagrado dia.
A morte deve ser a felicidade.
O isolamento deve ser o bem-estar, talvez.
Não regulo bem da cabeça
E assim
em meu quarto escuro
com as janelas fechadas
e sem estar ciente da minha existência,
talvez assim
me encontre
encontre a felicidade.
Felicidade feita pra mim.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Eu não estou triste mais.
Eu acho que não estou triste mais.
O desejo de dormir por mil anos e de não crescer e de morrer aumentou, mas isso está suportável, é tanto faz.
E assim eu não sou tristeza.
Nada me incomoda tanto.
Não estou ciente da minha existência.
Talvez é tudo ilusão, talvez minha cabeça esteja voando por aí em outros cantos.
Talvez, talvez. Talvez eu consiga parar de pensar, talvez eu não me incomode mais.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Eu estou amando. Então estou me preparando para um funeral.
Eu estou mijando. Então estou me preparando para um funeral.
Não, eu não quero um enterro. Eu quero vida. Mas como se vive?
Me ensina, mestre. Me ensina.
Quero aprender a viver. E desaprender a morrer todo dia.
Eu sorrio, e então estou me preparando para um funeral.
E sempre, às 7h00 da manhã, o meu enterro.
Todos da cidade se esqueceram. Os meus amigos superam minha morte todo dia. Preciso fazer o mesmo.
Então, por favor, mude o cemitério e meu caixão. Estou cansada dessa mesmisse.
Isso é o mundo?
Não, não pode ser. É apenas minha morte. É apenas meu funeral, com flores e poucas pessoas. É meu enterro. Sou eu mesma me enterrando às 7h00 da manhã.