sábado, 5 de janeiro de 2013


quando você é jovem,
tem vontade de morrer.
quando você é jovem,
pensa que isso é arte.
quando você é jovem,
sente medo do desconhecido,
mas o medo é bom pra caralho.
você vira intenso
infinito.
se amplifica em toda boa e ruim situação.
acham que você é louco,
mas porra,
tu é, pensa.
seus pais são só aquelas crianças que
não brincam com as outras
porque se acham adultas demais para isso.
quando você é jovem,
tu arde.
você sai do tudo e vira nada e vice-versa em uma fração de segundo.
acha que encontrou o amor da sua vida,
mas em alguns raros casos
encontrou mesmo.
a música penetra em você e arrepia
cada parte do teu corpo,
quando tu és jovem.
tem dias que não está em
você mesmo
e deseja
intensamente
desaparecer
fugir.
quando você é jovem,
acha que nunca haverá o amanhã.
diz o que acha
impulsivo
se desespera diante de uma decisão.
pode não haver o amanhã mesmo.
acorda triste de manhã
passa a tarde cansado
de noite mistura tudo isso
e resulta em melancolia.
de madrugada
ah, madrugada,
o mundo é seu.
quando você é jovem,
tem horas que ficar dentro de si
é apertado
sufocante demais,
você se amplifica até nessas horas
e tem de achar um jeito de
amenizar sua dor.
quando você é jovem,
procura, sem esperança,
alguém como tu ou que te entenda,
e morre de amor e alívio
quando encontra.
eu não sei se isso
é ser jovem
ou é apenas ser eu.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

vinte e oito dias; seis horas; quarenta e dois minutos; doze segundos. é quando o mundo vai acabar.
eu odeio do jeito mais bonito e intenso possível. eu amo do jeito mais feio e destrutivo possível. ser nada é algo que sei fazer realmente bem, baby.
eu vivo de ponta cabeça, eu sou a única que amo você quando está insano e ainda assim, continuo escrevendo pra te trazer de volta, pra trazer nós de volta. e nas silenciosas noites quentes eu tento sussurrar, eu tento lhe pedir pra que me olhes por dentro, por favor, me olhes por dentro. por fora eu não sou nada, não tenho nada de convidativo e que te faça ficar, nem vestida nem nua. sou vestida da cabeça aos pés de nada. eu só tenho uma frustração que carrego comigo para todo lugar que vou: everybody leaves, if they get the chance.
eu tenho um imenso e desmedido amor. eu tenho sonhos. eu tenho vontades. tenho culpas. eu só preciso assumir e organizar tudo isso, e assim, posso ser inteira de alguém.
(eu te espero)
(eu te espero nesse meu texto confuso e sem sentido)
eu te espero na minha desesperança, nas minhas obrigações de merda, no meu tesão, nos meus lábios secos.
eu estou com saudades de ser inteira.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

delírios, crises, entre outros da madrugada.


madrugada. decido te ligar, afinal, eu vou morrer. não hoje, mas algum dia, e isso é inaceitável, porra.
— alô. — você atendeu com voz de sono.
— baby, baby, baby...
— são quatro da manhã. what the fuck. preciso dormir pra trabalhar daqui a pouco.
— trabalhar? por que diabos? hoje é sexta-feira, baby, ninguém se importa.
— é assim que ganho meu dinheiro, não há outro jeito.
— eu vou morrer.
— por que?
— porque a vida é assim. bullshit. vou morrer. não hoje, mas algum dia...
— e quem se importa? hoje é sexta-feira, baby.
— ha-ha.
— preciso dormir...
— o mundo faz sentido pra você?
— tá bêbada?
— não.
— já disse pra não beber tanto... vai dormir.
— não tô bêbada, porra, eu tô é sem sentido. meus cigarros acabaram, enjoei de ouvir música e a tinta da caneta acabou.
— lave a louça.
— vá tomar no seu cu.
— tá.
— como você consegue?
— o que?
— ser tão... normal, não ficar mal.
— shit happens, não fique mal por isso.
— você é tão clichê.
— clichê é mais fácil.
— e estúpido.
— pelo menos não fico bêbado de madrugada.
— não sei por quê estou com você.
— meu oral é bom!
— você não fuma; odeia o cheiro. você não escuta música; pouco se importa e só usa a caneta pra fazer a porra de uma cruzada no jornal.
— foda-se.
— você não vê coisas que eu vejo...
você ri.
— acha minha boceta triste?
— acho sua boceta gostosa.
everything is so simply for you, baby baby, e eu adoro isso. não preciso de mais um bukowski na minha vida. preciso de calma e aceitar que uma janela é só uma janela, nada mais que isso.
tudo bem, estou angustiada, quase surtando, perdida, melancólica
mas pra você, eu estou bêbada, baby, só bêbada.

It's all over now, baby blue


o que eu sinto?
o que eu sei?
sei que tenho que me permitir sentir,
distinguir,
viver isso.
o que eu senti quando você me deixou?
o que eu senti voltando pra minha vida monótona que eu levava antes de te ter?
está cada vez mais difícil olhar para tudo isso, passar pelas mesmas ruas, passar em cada canto que eu estive com você
mas
você me fez ver coisas que eu não teria visto
me libertou
eu não podia dizer não para sempre.
oh baby blue,
eu não sei mais escrever
eu não sei mais olhar
eu não sei mais encarar
eu passo mal quando olho fixamente pra algo
eu não penso mais.
times are hard.
não escutarei mais beatles
não tomarei mais cafés
evitarei caras barbudos.
mas
eu entendo
a gente sempre fica entediado e
tem que partir.

Vamos sair porque os meus monstrinhos estão deprimidos de tanto ficar em casa


vamos sair e nunca voltar pra casa
porque voltar pra casa é chato
ninguém nunca faz café
e ninguém conversa;
vazio.
e quando há conversa
parece um bando de lobos furiosos
atacando uns aos outros.
vamos sair.
salva essa minha noite
salva essa minha vida.
vamos sair pra minha mão ter algo pra segurar:
sua mão.
vamos sair.
e não deixe minha boceta secar.
vamos foder nesses becos tristes da cidade
e nos banheiros dos barezinhos solitários.
vamos sair e sugar toda a tristeza dessas ruas
porque elas sofrem
e não sabem fazer arte.
mas a gente sim
a gente sabe.
vamos foder em tudo
e nos foder também.
foder a mente, a alma, a nossa salvação.
quero chegar no fundo do poço contigo
quero te mostrar os monstrinhos que vivem dentro da minha barriga e
faz doer tanto.
a gente consegue chegar até o fundo do poço
e inventar um buraco mais fundo
a gente consegue.
vamos sair
porque você é o único que consegue me fazer realmente sair.
sair de mim e dar uma passeada em você
você é o único que consegue fazer meus monstrinhos sairem e tomar um ar
porque eu os sufoco também
você é o único que pega minha solidão e dança.
mas eu tenho medo, baby.
quem me vê inteira assim…
quem me vê nua assim…
não me ama, não me quer;
sente dó.
esse corpo infeliz
rosto estúpido e engraçado
mas é tudo seu.
tenho medo de perder o encanto aos teu olhos.
me diz o que a gente faz quando não acredita em mais nada? — pego um cigarro — o que a gente pode fazer se a gente não consegue nem voar? ficar no chão? é chato pra caralho. o que eu faço pra tocar a nuvem? fico agoniada, não consigo nem tocar o teto do meu quarto.
nós somos monstros, lobos furiosos, iludidos pra cacete — acendo o cigarro, primeira tragada — não passamos de cachorros sujos. aquela moça gorda ali é uma coitada; aquele ali, alto e bigodudo: um coitado e ninfomaníaco; aquela lá na esquina, tá vendo? uma prostituta. e coitada.
nós somos inconsoláveis, cara. ser uma pessoa é simplesmente adquirir fobias e dúvidas ao longo da vida — mais tragos; cruzo as pernas — viver é um porre! eu queria ser o céu, nós queríamos ser o céu, mas eu não sou nem a porra da terra, porra. e eu ainda não tenho uma escada infinita que me leve até o céu — última tragada — porra, porra, porra, já são três horas da manhã, preciso dormir, cacete.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Intertextualidade com Confissão de Charles Bukowski.

Esperando pela vida
como uma lagarta
pra sair do casulo

sinto muita pena de
minha mãe

ela vê este
corpo
frio e pálido
todas as manhãs

ela o sacode
e o sacode de novo

"Filha!"

E sua filha vai responder
mesmo morta

não é viver que me preocupa
é minha mãe
deixada sozinha com este monte
de nada
enquanto durmo.

No entanto,
quero que ela
saiba
que dormir
nas noites de angústia
a seu lado

e mesmo
com as discussões mais banais
eram coisas
realmente bonitas

e as palavras
que sempre tive dificuldade de
dizer
podem agora
ser ditas
antes que seja tarde demais:

eu
te amo.