terça-feira, 18 de dezembro de 2012

me diz o que a gente faz quando não acredita em mais nada? — pego um cigarro — o que a gente pode fazer se a gente não consegue nem voar? ficar no chão? é chato pra caralho. o que eu faço pra tocar a nuvem? fico agoniada, não consigo nem tocar o teto do meu quarto.
nós somos monstros, lobos furiosos, iludidos pra cacete — acendo o cigarro, primeira tragada — não passamos de cachorros sujos. aquela moça gorda ali é uma coitada; aquele ali, alto e bigodudo: um coitado e ninfomaníaco; aquela lá na esquina, tá vendo? uma prostituta. e coitada.
nós somos inconsoláveis, cara. ser uma pessoa é simplesmente adquirir fobias e dúvidas ao longo da vida — mais tragos; cruzo as pernas — viver é um porre! eu queria ser o céu, nós queríamos ser o céu, mas eu não sou nem a porra da terra, porra. e eu ainda não tenho uma escada infinita que me leve até o céu — última tragada — porra, porra, porra, já são três horas da manhã, preciso dormir, cacete.

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